sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

“Há depositantes que ainda correm ao Moza Banco para retirar depósitos”

Governador do Banco de Moçambique diz não haver motivos para pânico
Ainda “há nervosismo” na banca. Os clientes do Moza continuam a retirar os seus depósitos do banco para os colocar noutras instituições bancárias, com medo de os perder, informou, esta semana, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Apesar do Moza já ter recebido oito mil milhões de meticais do Banco Central para continuar a funcionar e estar a ser praticamente gerido pelo regulador financeiro, a instituição bancária está a ficar com menos depósitos, a cada dia que passa. Mas Rogério Zandamela diz que não há razões para pânico. “Moza Banco é um dos bancos mais seguros do sistema, porque está nas mãos do Banco de Moçambique. Para o Moza Banco quebrar, o Banco de Moçambique também teria de quebrar”, afirmou.
Entretanto, o governador do Banco de Moçambique diz que, na altura do anúncio da situação financeira degradada do Moza, o banco tinha problemas de disponibilidade de dinheiro para pagar, por exemplo, cheques dos clientes, mas agora isso não acontece.
A auditoria KPMG está a finalizar um trabalho de avaliação da saúde financeira do Moza, que deverá ser apresentado aos accionistas. É uma avaliação independente, depois daquela que o Banco Central fez, para dar credibilidade ao processo.
Após a apresentação do documento, os accionistas moçambicanos (com 51%) e portugueses (49%) terão uma última oportunidade para dizer se têm capacidade para recapitalizar o banco. Se não tiverem, o banco será imediatamente colocado à venda.
Depois da intervenção do Banco de Moçambique no Moza, o valor que os actuais accionistas devem investir para recapitalizar o banco aumenta em função da injecção de liquidez. E o Banco Central será o primeiro a ser reembolsado, após a recuperação.
Segundo Zandamela, o IFC, um dos braços do Banco Mundial, entra no processo de recapitalização ou venda do banco Moza para garantir que os novos investidores sejam credíveis, isto devido à dimensão da instituição internacional.
Se o Moza tivesse parado de funcionar no dia 30 de Setembro, à semelhança do que aconteceu com o Nosso Banco, o país estaria a viver agora “um terramoto ou tsunami financeiro”, referiu o governador do Banco Central, visto que o banco tem muitos clientes que são empresas e famílias espalhadas por todo o território nacional. Neste sentido, Zandamela diz que haveria uma corrida sem precedentes dos depositantes e credores para retirar dinheiro não só do banco Moza, mas também de outros bancos do sistema, porque haveria desconfiança no sistema bancário nacional, uma vez que não se explicaria que o Moza - que anunciou rácios positivos, liquidez, lucros e que era o banco de referência em finais de 2015 - fechasse as portas.

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