Governador do Banco de Moçambique diz não haver motivos para pânico
Ainda “há nervosismo” na banca. Os clientes do Moza continuam a retirar os seus depósitos do banco para os colocar noutras instituições bancárias, com medo de os perder, informou, esta semana, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Apesar do Moza já ter recebido oito mil milhões de meticais do Banco Central para continuar a funcionar e estar a ser praticamente gerido pelo regulador financeiro, a instituição bancária está a ficar com menos depósitos, a cada dia que passa. Mas Rogério Zandamela diz que não há razões para pânico. “Moza Banco é um dos bancos mais seguros do sistema, porque está nas mãos do Banco de Moçambique. Para o Moza Banco quebrar, o Banco de Moçambique também teria de quebrar”, afirmou.
Entretanto, o governador do Banco de Moçambique diz que, na altura do anúncio da situação financeira degradada do Moza, o banco tinha problemas de disponibilidade de dinheiro para pagar, por exemplo, cheques dos clientes, mas agora isso não acontece.
A auditoria KPMG está a finalizar um trabalho de avaliação da saúde financeira do Moza, que deverá ser apresentado aos accionistas. É uma avaliação independente, depois daquela que o Banco Central fez, para dar credibilidade ao processo.
Após a apresentação do documento, os accionistas moçambicanos (com 51%) e portugueses (49%) terão uma última oportunidade para dizer se têm capacidade para recapitalizar o banco. Se não tiverem, o banco será imediatamente colocado à venda.
Depois da intervenção do Banco de Moçambique no Moza, o valor que os actuais accionistas devem investir para recapitalizar o banco aumenta em função da injecção de liquidez. E o Banco Central será o primeiro a ser reembolsado, após a recuperação.
Segundo Zandamela, o IFC, um dos braços do Banco Mundial, entra no processo de recapitalização ou venda do banco Moza para garantir que os novos investidores sejam credíveis, isto devido à dimensão da instituição internacional.
Se o Moza tivesse parado de funcionar no dia 30 de Setembro, à semelhança do que aconteceu com o Nosso Banco, o país estaria a viver agora “um terramoto ou tsunami financeiro”, referiu o governador do Banco Central, visto que o banco tem muitos clientes que são empresas e famílias espalhadas por todo o território nacional. Neste sentido, Zandamela diz que haveria uma corrida sem precedentes dos depositantes e credores para retirar dinheiro não só do banco Moza, mas também de outros bancos do sistema, porque haveria desconfiança no sistema bancário nacional, uma vez que não se explicaria que o Moza - que anunciou rácios positivos, liquidez, lucros e que era o banco de referência em finais de 2015 - fechasse as portas.
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