sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Restos mortais de Valentina Guebuza vão a enterrar amanhã


OS restos mortais da empresária Valentina Guebuza, assassinada na passada quarta-feira pelo marido, Zófimo Muiuane, vão a enterrar amanhã no Cemitério de Lhanguene, segundo determinou a família.
A Polícia confirmou ontem que Valentina Guebuza foi atingida por quatro tiros na sua residência, em Maputo, tendo perdido a vida a caminho do hospital.
A malograda casou-se com Zófimo Muiuane em Julho de 2014, numa cerimónia que teve lugar na cidade de Maputo, sendo que da relação foi gerada uma criança, que actualmente tem pouco mais de um ano de idade.
Filha do antigo Presidente da República Armando Guebuza e de Maria da Luz, a malograda foi formada em Engenharia Civil na África do Sul, país onde começou a trabalhar como consultora na mesma área.
Iniciou-se nas lides empresariais em 2001, através da empresa Focus 21: Gestão e Desenvolvimento Limitada, desenvolvendo actividades em sectores como telecomunicações, transportes, banca, imobiliário, pescas e minas.
Em 2006 passou a liderar esta firma, assumindo as funções de Presidente do Conselho de Administração, na mesma altura em que a Focus 21 se torna uma holding.

Era também Presidente do Conselho de Administração da StarTimes Media, resultado de uma parceria entre a chinesa StarTimes e a Focus 21 para a área da Migração Digital no país.

Julgamento do caso de agressão a Josina Machel adiado para Janeiro

Advogado Abdul Carimo espera emissão de mandato de captura caso o indiciado não compareça
O julgamento do caso de agressão a Josina Machel, filha do primeiro Presidente da República, Samora Machel e da activista Graça Machel, foi adiado para Janeiro.
O adiamento deveu-se à falta de comparência do réu, ex-namorado da vítima.
Josina Machel compareceu pontualmente às 09h30 de hoje ao tribunal do distrito urbano número um, na companhia da família, activistas, personalidades políticas, bem como do seu advogado, na esperança de ver a justiça ser feita sobre o homem que lhe deixou cega em olho. Porém, quando passavam 40 minutos da hora marcada para audiência, o acusado ainda não se fazia presente na sala de audiência. E, nessa altura, o advogado da vítima, Abdul Carimo, comunicou o adiamento do julgamento para 16 de Janeiro de 2017.
Abdul Carimo diz esperar uma emissão de mandato de captura, caso o agressor não compareça ao tribunal na próxima data marcada.
O adiamento do julgamento do caso da agressão de Josina Machel acontece na mesma semana em que um outro caso de violência doméstica culminou com a morte a tiro de Valentina Guebuza, filha do ex-Presidente da República, Armando Guebuza.

Família proprietária do “Tiger Center” denuncia perseguição por sequestradores

Criminalidade na cidade de Maputo
Familiares dos proprietários do centro comercial Tiger Shopping Center queixaram-se de perseguição e disseram tratar-se da quarta vez que um membro da família Rassul escapa a sequestro, desde 2012. Recorde-se que, no passado dia 14 de Novembro, outro proprietário do “Tiger” foi abordado por quatro criminosos, na garagem do estabelecimento comercial, mas não conseguiram concretizar o sequestro e colocaram-se em fuga, após a vítima gritar por socorro. Em 2012, outro membro da família que, por sinal, também é proprietário do “Tiger”, Asslam Rassul, escapou ao sequestro em frente à sua casa, o qual ofereceu resistência, quando foi abordado pelos criminosos, que acabaram por desistir, após se aperceberem da presença popular.
PRM diz ter pistas dos criminosos
A Polícia, que confirmou a ocorrência da tentativa de sequestro, diz ter algumas pistas dos criminosos que tentaram protagonizar os dois últimos sequestros. Orlando Mudumane explicou, ontem, que uma das principais pistas é a viatura, pois se presume que seja a mesma utilizada no caso do passado dia 14 de Novembro, quando os criminosos falharam o sequestro de outro membro da família Rassul, no parque de estabelecimento do “Tiger”. Mudumane revelou, ainda, que agentes da Polícia em patrulha, quando chegaram ao local, trocaram tiros com os criminosos, tendo alvejado um deles, mas os outros conseguiram socorrer o comparsa e fugiram.

“Há depositantes que ainda correm ao Moza Banco para retirar depósitos”

Governador do Banco de Moçambique diz não haver motivos para pânico
Ainda “há nervosismo” na banca. Os clientes do Moza continuam a retirar os seus depósitos do banco para os colocar noutras instituições bancárias, com medo de os perder, informou, esta semana, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Apesar do Moza já ter recebido oito mil milhões de meticais do Banco Central para continuar a funcionar e estar a ser praticamente gerido pelo regulador financeiro, a instituição bancária está a ficar com menos depósitos, a cada dia que passa. Mas Rogério Zandamela diz que não há razões para pânico. “Moza Banco é um dos bancos mais seguros do sistema, porque está nas mãos do Banco de Moçambique. Para o Moza Banco quebrar, o Banco de Moçambique também teria de quebrar”, afirmou.
Entretanto, o governador do Banco de Moçambique diz que, na altura do anúncio da situação financeira degradada do Moza, o banco tinha problemas de disponibilidade de dinheiro para pagar, por exemplo, cheques dos clientes, mas agora isso não acontece.
A auditoria KPMG está a finalizar um trabalho de avaliação da saúde financeira do Moza, que deverá ser apresentado aos accionistas. É uma avaliação independente, depois daquela que o Banco Central fez, para dar credibilidade ao processo.
Após a apresentação do documento, os accionistas moçambicanos (com 51%) e portugueses (49%) terão uma última oportunidade para dizer se têm capacidade para recapitalizar o banco. Se não tiverem, o banco será imediatamente colocado à venda.
Depois da intervenção do Banco de Moçambique no Moza, o valor que os actuais accionistas devem investir para recapitalizar o banco aumenta em função da injecção de liquidez. E o Banco Central será o primeiro a ser reembolsado, após a recuperação.
Segundo Zandamela, o IFC, um dos braços do Banco Mundial, entra no processo de recapitalização ou venda do banco Moza para garantir que os novos investidores sejam credíveis, isto devido à dimensão da instituição internacional.
Se o Moza tivesse parado de funcionar no dia 30 de Setembro, à semelhança do que aconteceu com o Nosso Banco, o país estaria a viver agora “um terramoto ou tsunami financeiro”, referiu o governador do Banco Central, visto que o banco tem muitos clientes que são empresas e famílias espalhadas por todo o território nacional. Neste sentido, Zandamela diz que haveria uma corrida sem precedentes dos depositantes e credores para retirar dinheiro não só do banco Moza, mas também de outros bancos do sistema, porque haveria desconfiança no sistema bancário nacional, uma vez que não se explicaria que o Moza - que anunciou rácios positivos, liquidez, lucros e que era o banco de referência em finais de 2015 - fechasse as portas.

Avós voltam a desempenhar função de mãe para cuidar de netos órfãos


Moçambique é o segundo pior país do mundo para idosos viverem e envelhecerem
Com o aumento dos casos de HIV/Sida e acidentes de viação em todo o mundo, muitos pais estão a morrer, deixando números crescentes de crianças órfãs e vulneráveis aos cuidados dos seus avôs e outros familiares idosos: um dia cuidaram dos filhos e, hoje, cuidam dos netos.
Tal é o caso de Stela Malauene, 70 anos, que tem pela frente a responsabilidade de cuidar dos seus netos. Fixou residência no bairro Massaca 2, distrito de Boane, aquando da guerra civil que terminou em 1992.
Mora numa palhota construída há mais de 16 anos, com os seus seis netos órfãos de pai e sua filha. Um dos netos é Henriques, de apenas 14 anos de idade. Actualmente, não estuda, devido à falta de condições financeiras. “Tive que parar de ir à escola, porque nem a minha mãe, muito menos a minha avó, tem dinheiro para pagar as propinas”, disse, com semblante carregado de tristeza.
A sua progenitora, que se tornou mãe aos 12 anos de idade, também está na responsabilidade da avó. Hoje, com 31 anos de idade, não trabalha e diz que não teve a oportunidade de frequentar a escola. Segundo ela, a perda do marido, no ano de 2009, agravou a situação de dependência daquela família.
A septuagenária não beneficia de nenhum subsídio de acção social. Sem meios de sobrevivência, a família de oito membros vive na incerteza do que há-de comer a cada novo dia. “É comum dormirmos sem termos tido nenhuma refeição durante o dia todo. Às vezes, os vizinhos e pessoas de boa-fé têm prestado apoio”, desabafou.
É uma mulher que luta contra enormes adversidades no seu quotidiano. “Quando a chuva cai, somos obrigados a ficar de pé, para evitar que o pior aconteça”, conta.
Quem também não esconde a dor e a tristeza que carrega dentro de si é a vovó Palmira Sengo, natural de Gaza, que há quase 20 anos carrega a responsabilidade de cuidar dos seus 12 netos. A idosa é mãe de 11 filhos, seis dos quais perderam a vida, três sofrem de problemas mentais e três fixaram residência na vizinha África do Sul.
Apesar de ser beneficiária do apoio do Instituto Nacional de Segurança Social (INAS), no distrito de Boane, o mesmo revela-se irrisório, uma vez que o acesso se torna muito mais caro que o valor a receber.
A idosa recebe, no fim de cada mês, 610 meticais. Com o valor, não consegue mais do que um litro de óleo, que custa entre 80 e 90 meticais, um quilograma de açúcar, ao preço de 45 meticais, e quatro quilogramas de arroz, a 112 meticais. “Sobrevivo com base no trabalho que faço em pequenos campos de cultivo, uma actividade que não tem sido fácil realizar, devido à minha idade”, disse Palmira.
Segundo apurámos, os valores do apoio variam entre 310 e 610 meticais, dependendo do número do agregado familiar. Este ano, não houve nenhum registo de aumento do subsídio aos idosos.
Segundo o censo de 2007, de um milhão de idosos existentes no país, somente 17% são abrangidos por este subsídio social.

Moçambique é o segundo pior país do mundo para os cidadãos com mais de 60 anos de idade viverem e envelhecerem, num total de 96 países avaliados pela Help Age International, ano passado. Espera-se que o número de órfãos cresça mais 40 milhões, nos próximos 10 anos em todo o mundo.

Vafana va Unanga cantam para apoiar vítimas da explosão em Caphiridzange

Primeiro show realiza-se hoje no Centro Cultural Americano
A solidariedade não se expressa apenas de forma social, a cultura, sempre, intervém em quase todos assuntos. Esta, a descrever-se mais adiante, é uma delas. Para dar algum conforto às vítimas da explosão do camião-cisterna em Caphiridzange, província de Tete, os jovens do grupo coral Vafana va Unanga juntam-se a outros grupos corais, e não só, em dois espectáculos a fim de recolherem donativos através de performances artísticos.
O primeiro show a realizar-se hoje, às 18h00, no Centro Cultural Americano, vai juntar os grupos IPM, Avante e Anjos do Apocalipse, para cantar músicas com temas de caris social, sobretudo. Pede-se ao público um gesto de solidariedade, através de contribuições modestas como, por exemplo, um quilo de alimentos não perecíveis, que serão canalizados via Cruz Vermelha às vítimas de Caphiridzange.
O outro concerto, vai ter lugar no sábado (17), na Casa da Cultura do Alto-Maé, em Maputo. A iniciar às 18h00, o espectáculo será abrilhantado pelo coral Moz Dreams, pelo grupo Makwaela Hodi e pelo músico Jeremias Chamo. Neste convívio, tal como no outro, espera-se que se partilhem muitas emoções.
Fora a vontade de ser solidários, o grupo Vafana va Unanga vai lançar um single, que antevê o segundo álbum.  O valor arrecadado com a venda deste trabalho será revertido, em parte, para as vítimas de Caphiridzange.
Vafana va Unanga é um grupo que existe há sete anos e, como fruto do seu trabalho, tem o seu primeiro álbum de música gospel lançado em 2011. Após cinco anos sem lançar nenhum CD, os jovens dizem que amadureceram e estão preparados para mais uma aventura discográfica, desta vez, para honrar o tempo estagnado, será álbum duplo. Esse feito é prometido para o próximo ano. A contar com 20 faixas musicais, o segundo álbum vai trazer mais estilos musicais, para além do gospel que é característicos do colectivo.
A mudança de ritmos e mensagens na música dos Vafana va Unanga é resultado de um processo de amadurecimento. “Durante estes cinco anos, nós percebemos que a música coral não se limita apenas às igrejas, e começámos a actuar em casas de pasto. As nossas mensagens mudaram, agora também cantamos temas de festas, assuntos sociais e prevenção”, explicaram os artistas.
Mas enquanto o álbum duplo não chega, os amantes do canto coral estão convidados a juntar-se aos dois espectáculos, deliciar-se de boa música, adquirir o single e ajudar a quem precisa.

Trabalhadores portugueses ilegais suspensos em Beluluane

A Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) mandou cessar todas as actividades, a dez cidadãos portugueses que se encontravam a trabalhar em Moçambique ilegalmente, na Província de Maputo. 

De acordo com a FOLHA DE MAPUTO, os visados foram surpreendidos a trabalhar fora do previsto pelos mecanismos legais sobre a matéria, na empresa MIM Moçambique, localizada na zona da Mozal, em Beluluane, que actua no ramo da construção civil.

A brigada inspectiva que se deslocou à empresa MIM Moçambique constatou que esta teria actuando à margem da lei, ao contratar trabalhadores portugueses que não foram autorizados aquando da apresentação do projecto ao CPI, entidade que aprova projectos de investimento em Moçambique.

Ao que a IGT apurou, na prática, a empresa possui um projecto de investimentos aprovado pelo CPI, que permite a contratação no âmbito da quota, neste caso vertente, de 5 trabalhadores estrangeiros, facto que não foi observado, porque a MIM Moçambique já tinha 15 trabalhadores, no mesmo âmbito da quota, o que significava que os 10 portugueses a mais só podiam ser contratados em regime de autorização, através de um despacho pessoal da Ministra do Trabalho, Emprego e Segurança Social, depois de aferir que não há moçambicanos com aquelas qualificações ou, havendo, o número existente não satisfaz as necessidades do mercado do trabalho, segundo exige a respectiva legislação.

Aliás, a Lei nº23/2007, de 1 de Agosto (Lei do Trabalho), bem como o Regulamento relativo aos Mecanismos e Procedimentos de Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira, aprovado pelo Decreto nº55/2008, de 30 de Dezembro, deixam clara esta matéria e os investidores têm estes instrumentos como de cumprimento obrigatório.

Para além da suspensão dos dez trabalhadores portugueses surpreendidos a trabalharem acima do previsto, a empresa foi sancionada, nos termos previstos pela legislação vigente sobre a matéria de contratação de mão-de-obra de nacionalidade estrangeira.

A IGT tem vindo às empresas que queiram recrutar trabalhadores de fora para o mercado de trabalho moçambicano a apelar para a observância deste mecanismo, para evitar transtornos em caso da sua detecção irregular, como tem sido nos últimos dias, em diferentes quadrantes do país.