A FAMÍLIA do
malogrado taxista moçambicano Mido Macie, assassinado por nove agentes da
Polícia sul-africana em 2013, chamou ontem o “Notícias” para manifestar o seu
descontentamento face à demora no pagamento da indemnização por parte das
entidades do Governo do país vizinho.
Joaneta Macie,
mãe do falecido Mido Macie, falou em nome da família para manifestar o seu
desapontamento não só com a demora na definição e pagamento do valor da
compensação a que a família tem direito, como também da leitura da sentença que
deveria condenar os que de forma brutal tiraram a vida do seu filho.
Na companhia de
dois filhos e de Carlos Mutimucuio, este último primo que até à data do
assassinato vivia com o malogrado na África do Sul, disse ser incompreensível
que volvidos dois anos após o acontecimento não se tenha ainda decidido sobre
os dois processos abertos (o judicial e o da indemnização).
“Isso dói-me
muito porque algumas pessoas até com funções relevantes no Governo têm estado a
dizer na imprensa que nós recebemos dinheiro. Isto é, distorcer a verdade.
Manifesto a minha indignação não só para com as autoridades sul-africanas, mas
também com a parte moçambicana que está à frente deste processo porque não nos
dizem nada sobre o que está a acontecer. É um silêncio absoluto. Esta atitude
leva-nos a pensar que ninguém se interessa mais do caso. Pedimos que nos digam
a verdade para tomarmos outras medidas nem que seja para passar por um encontro
com o Presidente da República”, disse consternada.
Adiantou que a
família tem estado a tentar, sem sucesso, um encontro com o advogado José
Nascimento, contratado pelo Estado moçambicano para defender o caso, de modo a
pedir o esclarecimento sobre o que está a acontecer em relação ao pagamento da
indemnização, um esforço que não surtiu efeito.
“Queremos que nos
paguem a indemnização para custear as despesas de escolaridade do filho do Mido
e construir uma casa para ele, pois esse era o sonho do seu pai. Também
queremos ajudar os irmãos do falecido que dependiam do seu trabalho. Hoje,
devido a dificuldades financeiras, eles deixaram de estudar porque não têm dinheiro
e nós, como pais, também não temos capacidade de os sustentar. Todos
dependíamos de Mido Macie”, explicou a mãe do falecido, emocionada.
Agastada com a
situação, Joaneta Macie disse, sem entrar em detalhes, que muitos fizeram
dinheiro com a morte do Mido e que já ouviu dizer que houve muita ajuda para a
sua família mas que nunca lhes chegou às mãos. “Certamente deve haver quem
usufruiu dessa ajuda em nosso nome. Por essa razão, quero uma vez mais pedir
ajuda ao Governo moçambicano. Sei que há casos similares que tiveram desfecho e
por que é que o nosso não é resolvido? – questionou a mãe do malogrado.
As sessões de
julgamento dos nove polícias acusados da morte do taxista Mido Macie serão
retomadas em Junho próximo. A família Macie espera que, desta vez, não haja
adiamento como tem sido neste processo que já esteve nos tribunais de Benoni,
Delmas e Pretória.
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