quinta-feira, 30 de abril de 2015

“CASO MIDO MACIE”: Família agastada com a demora na compensação




A FAMÍLIA do malogrado taxista moçambicano Mido Macie, assassinado por nove agentes da Polícia sul-africana em 2013, chamou ontem o “Notícias” para manifestar o seu descontentamento face à demora no pagamento da indemnização por parte das entidades do Governo do país vizinho.

Joaneta Macie, mãe do falecido Mido Macie, falou em nome da família para manifestar o seu desapontamento não só com a demora na definição e pagamento do valor da compensação a que a família tem direito, como também da leitura da sentença que deveria condenar os que de forma brutal tiraram a vida do seu filho.

Na companhia de dois filhos e de Carlos Mutimucuio, este último primo que até à data do assassinato vivia com o malogrado na África do Sul, disse ser incompreensível que volvidos dois anos após o acontecimento não se tenha ainda decidido sobre os dois processos abertos (o judicial e o da indemnização). 

“Isso dói-me muito porque algumas pessoas até com funções relevantes no Governo têm estado a dizer na imprensa que nós recebemos dinheiro. Isto é, distorcer a verdade. Manifesto a minha indignação não só para com as autoridades sul-africanas, mas também com a parte moçambicana que está à frente deste processo porque não nos dizem nada sobre o que está a acontecer. É um silêncio absoluto. Esta atitude leva-nos a pensar que ninguém se interessa mais do caso. Pedimos que nos digam a verdade para tomarmos outras medidas nem que seja para passar por um encontro com o Presidente da República”, disse consternada.

Adiantou que a família tem estado a tentar, sem sucesso, um encontro com o advogado José Nascimento, contratado pelo Estado moçambicano para defender o caso, de modo a pedir o esclarecimento sobre o que está a acontecer em relação ao pagamento da indemnização, um esforço que não surtiu efeito.

“Queremos que nos paguem a indemnização para custear as despesas de escolaridade do filho do Mido e construir uma casa para ele, pois esse era o sonho do seu pai. Também queremos ajudar os irmãos do falecido que dependiam do seu trabalho. Hoje, devido a dificuldades financeiras, eles deixaram de estudar porque não têm dinheiro e nós, como pais, também não temos capacidade de os sustentar. Todos dependíamos de Mido Macie”, explicou a mãe do falecido, emocionada. 

Agastada com a situação, Joaneta Macie disse, sem entrar em detalhes, que muitos fizeram dinheiro com a morte do Mido e que já ouviu dizer que houve muita ajuda para a sua família mas que nunca lhes chegou às mãos. “Certamente deve haver quem usufruiu dessa ajuda em nosso nome. Por essa razão, quero uma vez mais pedir ajuda ao Governo moçambicano. Sei que há casos similares que tiveram desfecho e por que é que o nosso não é resolvido? – questionou a mãe do malogrado.


As sessões de julgamento dos nove polícias acusados da morte do taxista Mido Macie serão retomadas em Junho próximo. A família Macie espera que, desta vez, não haja adiamento como tem sido neste processo que já esteve nos tribunais de Benoni, Delmas e Pretória.  

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