segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Detidos cidadãos indianos envolvidos em tentativa de sequestro

Dois indivíduos de origem indiana estão detidos,desde a passada sexta-feira, na cidade da Beira, devido ao envolvimento dos mesmo num sequestro,frustrado, de uma criança de sete anos de idade, filho do empresário Momad Akkbar, mais conhecido por Papu, presidente do Clube Têxtil do Púnguè. Os raptores arrendam uma das lojas do empresário. Este é o segundo sequestro registado na Beira este ano. O primeiro foi em finais de fevereiro e a vítima é primo da criança que escapou ao rapto na última sexta-feira. Os bandidos (quatro no total) emboscaram a vítima na escola Primária Privada Prince Cinderela, localizada na cidade da Beira, e tentaram, mas sem sucesso, arrancar a criança das mãos da sua mãe e introduzi-la na viatura em que se faziam transportar. Os supostos raptores traziam consigo uma pistola e outras duas de brinquedo, máscaras e facas. Faizal Faruco, uma das testemunhas, contou que, quando a viatura em que o menino se fazia transportar, acompanhado da sua mãe, parou em frente da escola em alusão, dois dos bandidos saltaram da sua viatura e começarama arrastar o menor para o interior da sua viatura. “Mas eles encontraram uma mãe corajosa que, apesar da ameaça das armas, enfrentou os raptores. As pessoas próximas ajudaram a mãe do menor a defendê-lo dos homens armados”. Quando os bandidos se sentiram com intenções frustradas, retornaram para a sua viatura e arrancaram desapareceram do local velozmente. Os parentes do menor informaram, imediatamente, a polícia e iniciaram, de seguida, uma perseguição que culminou na praça 11 de Novembro, onde os bandidos, pressionados pelos perseguidores, acabaram embatendo violentamente num dos semáforos, numa altura em que tentavam sair da cidade. Após o embate, um dos ocupantes da viatura, homem de raça negra, apontado como moçambicano, desceu da viatura de marca Toyata Hillux e fugiu, em alta grande velocidade, antes de a polícia que se encontrava no local, em patrulha, se aperceber do que estava a acontecer. Os outros dois ocupantes, de nacionalidade indiana, também tentaram fugir, mas foram lentos e caíram nas mãos dos que os seguiam, que trataram imediatamente de chamar a polícia e acabaram sendo detidos. No interior da viatura, a polícia encontrou três pares de algemas, máscaras, facas e outros objectos contundentes.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Do empreiteiro das obras do município de Quelimane Polícia recupera quantidades elevadas de combustível roubado

Duzentos litros de gasóleo (diesel) roubados da CETA Construções – empresa responsável pelas obras em curso no município de Quelimane, foram recuperados pela Polícia da República de Moçambique (PRM), na Zambézia. O combustível foi desviado por uma quadrilha composta por seis indivíduos, entre os quais funcionários do empreiteiro. A Polícia deteve apenas um dos integrantes da quadrilha. Os restantes cinco escaparam. A CETA Construções é o empreiteiro responsável pela execução das obras de reabilitação e ampliação do sistema de drenagem em curso na cidade de Quelimane. O combustível roubado faz parte de uma enorme quantidade adquirida pela empresa para dissolver o alcatrão e efectuar outras aplicações atinentes às obras em curso na cidade. A reportagem do Canalmoz tentou, sem sucesso, ouvir a empresa lesada. O único indiciado de roubo que está detido, nega seu envolvimento no crime e considera que a PRM está equivocada. “Eu não roubei nada, sou revendedor de combustível, a Polícia algemou-me quando eu ia vender meu produto no distrito de Namacurra”, refutou.

MITRAB desmantela rede de chineses ilegais que trabalhavam em Nampula

Mais de duas dezenas de trabalhadores ilegais de nacionalidade chinesa foram descobertos em Nampula a trabalharem ilegalmente em três empresas de capitais chineses. “Na empresa Synohedro, que se dedica à construção civil na Cidade de Nampula, foram suspensos 8 cidadãos chineses, nomeadamente Weng Yanjun, Dong Yanloe, Liu Feng, Wang Zhong Liang, Qiu Song Xia, Huagen Zhang, Zhong Bao Xu e Liu Peiwen. Na mpresa Sen Yu, Lda, da indústria transformadora de madeira, foram suspensos os expatriados Cong Wei Ran, Yutong Ge, Zhau Ongwei, Zhao Zhi Chang, Quiao Fang Ge, Wang Pei, Shanzong Ge, Win Qiu, Chen Zao Gen, Shao Chong Zhang, Gexiang Tiang e Wangxue Xin. A terceira empresa que empregava trabalhadores chineses, ilegalmente, é a Yidzhouno, igualmente dedicada à indústria transformadora de madeira. Nesta empresa foram detectados Junxin Chen, Jian Jun Ling e Huatrong Hui”, informou o Ministério do Trabalho (MITRAB). O desmantelamento aconteceu na passada terça-feira, como resultado de trabalho rotineiro da Inspecção do Trabalho na Província de Nampula. Todas as empresas infractoras foram multadas.

Mau ensaio da pré-campanha David Simango vaiado no concerto dos UB-40

O presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo e candidato à sua própria sucessão nas eleições de 20 de Novembro próximo, pelo partido Frelimo, acabou humilhado quando tentava aparecer em jeito de pré-campanha eleitoral, em pleno espectáculo da banda britânica UB-40, que teve lugar nesta terça-feira na capital do País, Maputo. O Gabinete de propaganda de David Simango quis usar o espectáculo e moldura humana ali presente para fazer uma espécie de apresentação de David Simango. O acto consistiria em David Simango subir ao palco para anunciar entrada dos UB-40. Só que quando David Simango subiu ao palco os espectadores simplesmente apuparam-no Sabe-se que David Simango é amplamente contestado, quer pelos munícipes assim como dentro da própria Frelimo, muito pela forma como tem dirigido o município. Desde que tomou poder, em substituição de Eneias Comiche a cidade e Maputo tornou-se num caos. O lixo e buracos simplesmente tomaram conta da cidade e incapacidade da actual gestão para lidar com o problema é visível. Porém, Simango goza de forte simpatia junto da ala pró Guebuza que neste momento “comanda as operações”. Na noite desta terça-feira e em pleno concerto dos Ub-40, na praça da Paz, David Simango foi humilhado. O seu actual assessor de imprensa, Narciso Faduco que também é o director do gabinete eleitoral de David Simango, foi quem anunciou a subida do edil ao palco. Daí seguiram-se momentos de apupos que deixaram o actual mayor de Maputo quase que desnorteado e arrependido de lá ter estado. Mais grave: para além dos apupos as pessoas chamavam pelo nome de Venâncio Mondlane, também candidato às eleições de Novembro próximo, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Ministro das Finanças demarca Governo no negócio dos navios

O ministro das Finanças, Manuel Chang, disse ontem que a compra dos 30 navios a uma empresa francesa está a ser feita por uma companhia de direito privado, com capitais do Estado, e não pelo governo moçam­bicano. Trata-se da Empresa Mo­çambicana de Atum (EMATUM), que se deverá dedicar à pesca do atum e protecção da costa maríti­ma, de acordo com o responsável. Manuel Chang explicou ainda que o Governo entrou no negócio como avalista, por considerar que o projecto é importante para o país, num contexto em que já não existe a captura do atum e em que a protecção marítima é feita por empresas estrangeiras. “Quem está a importar os barcos é uma empresa, tanto é que tem nome. Agora, não há dúvidas que nós, como Governo, achamos que o projecto é bom e damos todo o apoio que é necessário. A aquisi­ção desses barcos não tem nada a ver com o Orçamento do Estado. Não entramos com nenhum valor, mas avalizamos a operação, signi­ficando que temos que fazer tudo por tudo para que a empresa te­nha sucesso e o Estado não tenha que entrar”, disse o responsável das Finanças. Explicou também que a captu­ra do atum visa atacar o mercado internacional. “Em relação à captura do atum, uma vez que há em­presas que deixaram de praticar essa actividade, alguém tem de fazer... Não devemos deixar que esse nosso bem seja apropriado por estrangeiros”.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PRM reforma meios circulantes nos distritos

A Polícia da República de Mo­çambique (PRM), na província de Manica, reforçou, recente­mente, os meios de circulação nos distritos, com a atribuição de motorizadas e respectivas ma­las de expedientes. Os referidos meios não abrangem os serviços operativos policiais. Segundo o comandante pro­vincial da PRM em Manica, Francisco Almeida, os meios fo­ram alocados a todos os serviços distritais de identificação civil, aos departamentos de Infor­mação Interna e de Instrução. Francisco Almeida acredita que, com estes meios, esteja já garantida à partida, a celeridade de tramitações dos processos de identificação civil ao ponto mais distante de uma localidade. Os meios foram providenciados pelo próprio Ministério do Interior com vista a assegurar o bom funcio­namento destes serviços, que cons­tituíam uma das grandes preocu­pações para os cidadãos residentes nas zonas rurais. Natália Maconhere, a chefe dos Serviços Provinciais de Identifica­ção Civil de Manica, explicou que a instituição que dirige recebe mui­tos casos de pedidos de documen­tos de identidade, mas os respec­tivos proprietários, muitas vezes, nunca aparecem para proceder ao levantamento. “Assim, com estes meios, já pode­mos levar as identidades dos cida­dãos às suas zonas e trabalharmos estritamente mais ligados aos serviços distritais, de modo a que não só se espere que a população rural pro­cure adquirir uma identidade, mas também, em colaboração com os líderes comunitários, organizarmos campanhas de trabalhos que nos levem ao encontro da população. Tratar-se-á de um exercício cujo propósito será identificar quem não tem documentos e, por conseguin­te, permitir-lhe trata-los nas suas lo­calidades”, disse Natália Maconhere.

Paulo Zucula assume que cometeu “alguns erros” na sua gestão

O ministro cessante dos Transportes e Comu­nicações assume que cometeu vários erros durante o período em que esteve à frente daquele sector. Falando momentos após o empossamento do seu sucessor (Gabriel Muthisse), cinco anos depois de ascender àquele cargo, Zucula não especificou as fragi­lidades que teve durante o seu “reinado”, respondendo de forma breve e objectiva. Entretanto, apesar de tais er­ros, Zucula diz que sai de cabeça erguida e com orgulho do que fez. “Andei ao ritmo que podia andar, dei a minha contribuição e estou orgulhoso de todas as coi­sas que conseguimos fazer. Co­metemos alguns erros no proces­so e são alguns desses erros que devem ser corrigidos”, afirmou o ministro recém-exonerado, acres­centando que “as realizações e as fragilidades quem deve dizer é o Presidente da República e, aliás, ele falou no seu discurso”. Sobre as reais razões do seu afas­tamento daquele pelouro, Paulo Zucula disse apenas tratar-se de um processo normal de mudança de quadros no Aparelho do Esta­do. “Entrar e sair é normal. Eu já entrei e sai três ou quatro vezes e o próprio Presidente disse que é um processo normal de rotação de quadros”, disse. Sobre os desafios do sector, Zucula disse: “Há que acelerar a questão da intermodalidade dos transportes, os transportes públicos urbanos, e continuar a acelerar a implementação dos projectos de infra-estruturas fer­ro-portuárias em curso”.

Neutralizados 48 estrangeiros ilegais na Zambézia

A Polícia da República de Moçambique (PRM) neutralizou, ontem, no distrito de Nicoadala, provín­cia da Zambézia, 48 cidadãos estrangeiros imigrantes ilegais que se faziam transportar num autocarro de marca Yutong Bus pertencente à companhia Seke­lane. Os referidos imigrantes ile­gais saíam da província de Nam­pula com destino à cidade de Maputo, onde iam à procura de melhores condições de vida. Dos detidos destacam-se cida­dãos de nacionalidades somali, congolesa e Etíope. A maioria apresenta-se bastante debilitada devido à falta de alimentação e água. A neutralização daqueles imi­grantes aconteceu por volta das 09h00 desta terça-feira, depois de os mesmos terem atravessa­do diversos controlos da polícia, desde Nampula, mais precisa­mente no distrito de Murru­pula, zona fronteiriça com o distrito do Gilé, província da Zambézia. Já na província da Zambézia, o autocarro atravessou o con­trolo de Mocuba, local onde, neste momento, a polícia está a desencadear campanha, na via pública, de revista de viaturas, uma actividade que visa neutra­lizar cidadãos estrangeiros em situação ilegal, bem como cadastrados. Se o autocarro conseguiu pas­sar por esses controlos todos, o mesmo já não aconteceu no posto de Nicoadala, onde foi neutralizado e enviado à Direc­ção Provincial da Migração da Zambézia.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Refila Boy em entrevista exclusiva ao Canal de Moçambique: “Já fui preso e torturado”

Refila Boy é um músico moçambicano polémico pelas letras das suas músicas de intervenção social, principalmente pelas críticas aos governantes e em particular ao presidente da República, Armando Emílio Guebuza. A sua mais recente música chama-se “Armandinho”. Em primeira mão ele explicou ao Canal de Moçambique a razão desta denominação. Já foi preso várias vezes por cantar o que o Governo não gosta de ouvir. Já foi torturado e ferido por cantar. Refila Boy diz que se inspira nos acontecimentos marcantes da sociedade para escrever as suas letras, já tem cinco álbuns no mercado e uma carreira marcada por detenções e solturas que terminam tal como começam: sem nenhuma explicação plausível. “Comecei a cantar há 10 anos e surjo como músico por estar cansado de ouvir músicas que não têm a ver com a nossa sociedade”. O jovem músico de Chókwè, que está a ganhar projecção por ser um músico irreverente, da linha de Azagaia, falou ao Canal de Moçambique da sua carreira, da sua província, Gaza, e da governação do seu País: Moçambique. Siga a entrevista que o Canalmoz aqui replica. Canal de Moçambique (Canal): - Fale-nos um pouco de si. Quem é Refila Boy? Refila Boy - Eu sou um jovem normal como os outros, nasci e cresci na cidade de Chókwè, onde vivo até hoje. Comecei a cantar há 10 anos e surjo como músico por estar cansado de ouvir músicas que não têm a ver com a nossa sociedade. Canal - Porquê não faz músicas, como muitos jovens seus contemporâneos, a falar de carros, mulheres e discotecas? Refila Boy – Porque isto não tem nada a ver com a nossa realidade. Eu faço músicas com letras diferentes porque para mim isto é que é música de verdade, que tem conteúdo e as pessoas aprendem algo sobre a vida social. Penso que fazia falta este tipo de artista. Canal - Como é recebida a sua música em Gaza, província tida como bastião do partido Frelimo, no poder? Refila Boy - A minha música sempre foi bem recebida, o povo nunca a rejeitou. O povo pode ser apoiante do partido no poder, mas não está a favor de atitudes de alguns dirigentes. Na verdade, quem não gosta das minhas músicas são os dirigentes. Estes, sim, tudo fazem para que as minhas músicas não sejam ouvidas. “Fui preso em pleno espectáculo, a cantar” “Prendem-me e soltam-me quando entendem” Canal - É verdade que já foi preso? Refila Boy - Sim. É verdade que já fui preso por causa das músicas que canto, alegando que falo mal dos governantes. Canal - Quantas vezes foi preso? Refila Boy – Foram várias vezes. Mas as mais marcantes foram três. Canal - Porquê essas três vezes o marcaram? Refila Boy - Nunca havia sido preso e em 2008 fui detido pela primeira vez e passei seis meses na cadeia; Há o caso de Chibuto, que teve repercussão pelo País. Fui preso em pleno espectáculo, a cantar. A outra foi marcante porque o povo uniu-se para exigir a minha libertação. Mas todas as detenções foram humilhantes. Eu era algemado e escorraçado como se fosse um criminoso. Canal - Nestas detenções já sofreu algum tipo de agressão por parte da Polícia? Refila Boy - Sim, em Chibuto. Não sei contar muito bem o que se passou, mas lembro-me que fui torturado e tive ferimentos. Canal - Como é que foi libertado em todas as vezes que foi detido? Refila Boy -Temos um Governo muito estranho, difícil de saber como funciona. Muitas vezes entre os governantes entendiam-se, chegavam a um consenso e libertavam-me. Do nada tiravam-me da cadeia. Canal - Então nunca chegou a contratar um advogado para lhe defender? Refila Boy - Nunca. Por exemplo, na última vez que fiquei preso, durante 2 meses, como eu já havia dito, o povo teve que intervir. Estávamos em tempo de eleições e as pessoas saíram à rua, foram até à esquadra exigir a minha libertação e ameaçavam não ir votar. O secretário distrital do partido no poder falou com o comandante para libertar-me. Posso dizer que o meu advogado é o povo. Canal – Acha que estas detenções ajudaram-no a ter popularidade? Refila Boy - Não me ajudaram. Os que fizeram aquilo tinham como interesse intimidar-me e denegrir a minha imagem. “Somos forçados a gostar dum Governo que não gosta do povo” Canal - Com tudo o que lhe acontece, não pensa em mudar a linha das letras das suas músicas? Refila Boy – Não!!! O meu objectivo é ver o povo livre, a viver a realidade e a democracia. Somos forçados a gostar dum Governo que não gosta do povo. Principalmente em Gaza as pessoas não sabem por que razão vão votar e muito menos a importância do seu voto. Eu vou continuar a despertar as pessoas. Canal - Tem apoio da sua família? Refila Boy – Sim, tenho! Eles apoiam-me, mas ficam com medo que me aconteça alguma coisa. Eles entendem o que eu faço. Canal - Donde vem a inspiração para escrever as suas músicas? Refila Boy - Tenho cinco álbuns e todos são inspirados em acontecimentos marcantes do País, o quotidiano dos moçambicanos. Diria que não sou diferente de jornalista. Um acontecimento marcante, eles escrevem e eu canto. “Actualmente não temos pai, mas, sim, um padrasto” Canal – Uma sua música mais recente é intitulada “Armandinho”. Quem é “Armandinho”? Quer nos falar um pouco desta música? Refila Boy - Isto eu deixo para a consciência de cada um, qualquer pessoa pode decidir quem pode ser “Armandinho”. Acredito que as pessoas sabem de quem estou a falar naquela música. Canal - Qual é a mensagem da música “Armandinho”? Refila Boy - A música fala da morte do jovem Mido Macie na África do Sul e a passividade do nosso Governo em relação ao caso. Se fosse um sul-africano a ser morto daquele jeito em Moçambique eu não sei onde estaríamos. Um País antes de respeitar o estrangeiro deve respeitar o seu povo. É assim que acontece noutras partes do mundo. Era assim no tempo em que tínhamos um pai, o saudoso Samora Machel. Actualmente não temos pai, mas, sim, um padrasto. “Quero que o povo acorde para a realidade do País” Canal - Acha que a mensagem das suas músicas consegue chegar ao povo? Refila Boy - Penso que sim! O que me interessa é que a mensagem chegue ao povo e isto está a acontecer. Pode até não chegar aos dirigentes do topo, mas para a camada que eu quero atingir as mensagens estão a chegar. Canal - Porquê tantas críticas ao Governo do dia? Refila Boy - Eu quero que os dirigentes reconheçam o povo como seus próprios filhos. Os nossos dirigentes não respeitam o povo, só sabem usá-lo como “minhocas” para pescar o voto. Quando estamos em tempo de eleições é que nos respeitam. Só quero que o povo acorde para a realidade do País. O povo e muitos dos dirigentes só sabem agradecer e elogiar ao “chefe”. Passam a vida a “lamber as botas” do presidente como se tudo estivesse bem. Canal - Acha que o povo não tem liberdade para se expressar? Refila Boy - Actualmente não! Este é o único Governo que eu já vi em Moçambique em que o povo não fala. Nas presidências abertas, por exemplo, as pessoas que são dadas a palavra são escolhidas antes para falar das coisas boas, e as coisas más não são conhecidas. Como é que um presidente pode governar assim? Não é possível! Canal - A sua música toca nas rádios? Refila Boy - Em algumas rádios não passa, mas em outras toca. Isto não é problema porque o povo tem comprado os discos e a minha música chega longe. A prova disso é que tenho feito muitos espectáculos dentro e fora do País. Canal – Sabemos que agora conta com assistência e apoio da Dra. Alice Mabota e da Liga dos Direitos Humanos. O que podemos esperar desta relação? Refila Boy - É claro que algumas coisas vão mudar para melhor. Ter este apoio faz-me sentir num ninho, com uma mãe ao lado. Será uma mais-valia para a minha carreira.