sábado, 9 de março de 2013
IMPLICADOS NA MORTE DE MIDO MACIA: Polícias sul-africanos ouvidos em Tribunal
INICIOU na manhã de ontem a audição dos oito polícias sul-africanos implicados na morte do taxista moçambicano Emídio Macia em Daveyton, arredores de Joanesburgo, na África do Sul. A sessão pretendia analisar se os agentes serão ou não caucionados.
Para o efeito, o juiz da causa, Samuel Makamu, reservou o dia para ouvir os argumentos do Ministério Público (MP) e da defesa sobre a atribuição da caução. Ambos voltaram a rebater as posições de uma das partes. O MP pretende que os polícias continuem detidos até ao fim do processo, apontando para tal o risco de o grupo vir a fugir. Por seu turno, a defesa, representada por três advogados, insiste que os réus devem beneficiar da liberdade condicional, visto que todos não possuem meios financeiros para fugir do país, tanto mais que, na óptica deles, nenhum dos seus clientes possui passaporte.
Devido ao adiantado da hora, o tribunal, através do juiz da causa, adiou para segunda-feira a decisão sobre a atribuição de uma eventual caução aos réus. Segundo justificou o juiz, o adiamento da decisão visava permitir que os familiares de Emídio Macia viajassem ainda na noite de ontem para Maputo de modo a realizar o funeral do jovem taxista, marcado para esta manhã (de sabado) no Cemitério da Texlon, na Matola.
Entretanto, através dos seus advogados, os nove réus afastaram-se do crime que vitimou Mido Macia. Em sede de tribunal todos disseram que a morte de Macia causou-lhes espanto, uma vez que quando o prenderam e levaram-no à esquadra o finado não tinha se queixado de nenhuma dor ou tortura por eles cometida. Ao que disseram, causou-lhes surpresa quando já estavam em casa, e por via de telefonemas de colegas, souberam que o jovem que tinham deixado na esquadra havia morrido.
Para o advogado da família, José Nascimento, esta versão colectiva não passa de uma manobra para o grupo se distanciar do crime, uma vez que foram eles os responsáveis pela detenção, acompanhada de violência, que nunca mais parou até o malogrado ser presente na esquadra. Foi dentro das celas onde o mesmo viria a perder a vida e, segundo a autópsia, a morte foi causada por uma hemorragia na cabeça.
A sessão de ontem foi ainda marcada por um longo debate sobre a cobertura jornalística deste caso. Os advogados defendiam que não se podia captar imagens, enquanto o Ministério Público é favorável ao trabalho da Imprensa. Coube ao juiz Makamu determinar que se faça a cobertura jornalística, pois vai ajudar ao mundo perceber o que efectivamente está a acontecer na sala de julgamento.
Ainda ontem foi detido mais um agente da Polícia implicado na morte do taxista Mido Macia, tendo de imediato sido conduzido ao tribunal, que das 9 às 16.30 discutia uma possível liberdade condicional dos réus.
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